Ao longo dos
oceanos encontramos indícios de possíveis "bombas" geológicas. Uma
vez disparadas, poderiam criar fenômenos extraordinários como ondas
gigantes (muito maiores que as tsunamis normais) que viajariam
através dos mares, destruindo países com regiões costeiras.
Faz alguns
anos que os cientistas encontraram indícios de que da próxima vez um
destes fenômenos poderia ocorrer ocasionado pela erupção do vulcão
Cumbre Vieja, em La Palma, nas Ilhas Canárias, na costa norte do
continente africano. Uma muralha de água poderia num desses dias se
formar e viajar através do oceano atlântico a velocidade de
cruzeiro, para destruir a costa este dos Estados Unidos. A América
seria alcançada por uma mega tsunami.
Em 1953, dois
geólogos foram para uma baia remota do Alaska em busca de petróleo.
Através de seus estudos se deram conta de que no passado a baia
havia sido golpeada por ondas enormes e se perguntaram o que poderia
tê-las causado. Cinco anos depois obtiveram a resposta. Em 1958 um
gigantesco deslizamento de terra (que se derramou dentro da baia)
levantou uma onda de 500 m de altura, mais alta do que qualquer
arranha-céu do mundo. O potencial destruidor da tsunami induzido
pelo deslizamento — ao que os cientistas chamaram "mega tsunami" —
começou a ser estudado: se um deslizamento de algumas dimensões
consideradas "moderadas" no Alaska criaram uma onda deste tamanho,
que estragos não poderia criar um deslizamento gigante?
Os cientistas
começam a dar-se conta de que um dos maiores perigos reside nas
ilhas vulcânicas de grandes dimensões, que são especialmente
vulneráveis a estes tipos de deslizamentos. Os geólogos começaram a
buscar provas destes eventos no fundo dos oceanos e as evidências
encontradas deixaram-nos impressionados. As profundezas ao redor do
arquipélago do Havaí, por exemplo, estão recobertas de depósitos de
tamanhos colossais, produzidos por deslizamentos ocorridos ao longo
de milhares de anos.
Todavia, mega
tsunamis que estes enormes deslizamentos de terra podem causar são
eventos muito raros. O último registrado ocorreu no arquipélago da
Reunião há 4000 anos. E uma das maiores preocupações dos cientistas
é que as condições sob as quais um deslizamento desta magnitude — e
por extensão uma mega tsunami — ocorrem neste momento em La Palma,
nas Ilhas Canárias. Em 1949, o vulcão Cumbre Vieja que entrou em
erupção na zona sul da ilha gerou uma fenda considerável ao longo de
um dos flancos do vulcão, que fez com que esta parte da ilha
avançasse uns poucos metros no Atlântico, antes de parar sua
trajetória.
Enquanto se
mantiver inativo o vulcão não representa nenhum perigo. Contudo, os
cientistas acreditam que o flanco oeste da ilha colapsará durante
uma erupção futura. Em outras palavras, que em qualquer momento nos
próximos mil anos, uma grande parte do sul de La Palma (com um
volume de 500 milhões de toneladas) se derramará no Oceano
Atlântico.
A onda penetrará 20 km terra
adentro
O
que acontecerá quando o vulcão de La Palma entrar em erupção?
Estudos científicos afirmam que ocasionará uma onda quase
inconcebivelmente destruidora, muito maior do que qualquer processo
observado nos tempos modernos. Atravessará o Atlântico em poucas
horas engolindo completamente a costa este dos Estados Unidos e
varrerá do mapa tudo o que existe 20 km terra adentro. Boston seria
a primeira zona a ser afetada, seguidos de Nova York, a península de
Miami e as ilhas do Caribe. Para um navio em alto-mar, ela seria
imperceptível, mas ao aproximar-se do Nordeste brasileiro, a massa
de água se transformaria numa onda de mais de 40 metros de altura,
devido ao atrito com o fundo raso do litoral.
~
Imagens de satélite do vulcão Cumbre Vieja ~
Imagens: NASA
Mega
Tsunami: perguntas e respostas
1. Quando
entrará em erupção o vulcão de La Palma?
O
desmoronamento do flanco oeste do vulcão Cumbre
Vieja, na zona sul de La Palma, não vai ocorrer
amanhã ou na próxima semana. Os turistas não
precisam cancelar suas férias nas Ilhas
Canárias, na costa este dos Estados Unidos ou
Caribe.
O que os cientistas afirmam é que a erupção pode
ocorrer a qualquer momento nos próximos mil
anos. Os cientistas também sabem que isto não
ocorrerá sem algum tipo de sinal. A população
seria alertada do perigo com semanas de
antecedência.
2.
Como os
cientistas podem saber que isto ocorrerá?
Os cientistas descobriram que La Palma será
destruída em algum momento no futuro como
conseqüência de uma erupção no cume do vulcão
Cumbre Vieja. As erupções nesta zona ocorrem
aproximadamente cada 200 anos. A última erupção
aconteceu em 1949; assim muitas décadas poderão
passar até que volte a acontecer novamente.
Todavia, a destruição pode não acontecer na
próxima atividade do vulcão. Poderiam ocorrer
cinco, dez ou talvez mais erupções antes do
colapso total. Os cientistas não podem prever
quantas erupções seriam necessárias.
3.
Quais seriam
os efeitos provocados por esse fenômeno?
O flanco oeste do vulcão Cumbre Vieja deslizará
no Oceano Atlântico. Ocasionará terremotos muito
intensos em toda a ilha de La Palma enquanto
esta área se derrama no oceano. Este processo
também produzirá uma onda gigante (chamada mega
tsunami) que se moverá a grande velocidade para
o oeste e sul.
A maioria da energia da onda se moverá em linha
reta através do Atlântico até os Estados Unidos,
Bahamas e Caribe, mas ondas de menor tamanho se
dirigirão também a outras direções. Todas estas
ondas diminuirão seu tamanho ao cruzar o
Atlântico. Sem duvida, os cientistas que
realizam estes estudos acreditam que poderiam
todavia alcançar, por exemplo, 50 m de altura ao
chegar a costa este dos Estados Unidos. Na costa
brasileira e africana estas ondas chegariam com
20 a 30 metros de altura.
4.
Esse fenômeno
pode ser impedido de acontecer?
Os cientistas afirmam que o risco desse fenômeno
acontecer nas próximas décadas é muito pequeno.
Mas a natureza é imprevisível... Quando ocorrer
causará uma grande destruição tanto em La Palma
como nas zonas em que o mega tsunami alcançar.
Nada pode ser feito para impedir o fenômeno, mas
os cientistas apontam que se pode atuar na
prevenção das mortes que este processo poderia
ocasionar. Com um controle adequado, avisos e as
evacuações necessárias, se poderia por a salvo a
população.
5.
Existem
outras zonas no mundo sob uma ameaça parecida?
La Palma é a ilha que se têm encontrado mais
claramente sinais de uma possível destruição no
futuro. Sem dúvida existem dezenas de vulcões
ativos ao longo dos oceanos. Muitos deles
entraram em erupção no passado e poderiam entrar
no futuro. Em cada lugar esses fenômenos ocorrem
em intervalos de aproximadamente 100.000 ou mais
anos.
A maioria desses lugares nunca foram tão
estudados detalhadamente como Las Palmas, com a
exceção do Havaí, no Oceano Pacífico. O Havaí
também apresenta sinais de que possa ser
destruído nos próximos mil anos.
6.
Devo me
preocupar com o mega tsunami?
Como pessoa, há muito mais probabilidades de
morrer em um acidente de trânsito que por um
mega tsunami. Os mega tsunamis são eventos muito
raros. Todavia, é importante que os governos
compreendam o risco potencial que se supõe, para
que possam planificar e preparar-se, em caso de
necessidade, para um processo deste tipo no
futuro.
Como já foi
dito: A Natureza é imprevisível...
Livros e artigos:
Apocalypse: a Natural History of Global
Disasters
de Bill McGuire (Cassell, London, 1999).
O professor Bill McGuire descreve graficamente
quatro tipos de catástrofes que podem devastar a
Terra. Um capítulo descreve como um mega tsunami
pode resultar de uma erupção vulcânica em La
Palma nas Ilhas Canárias.
Tsunami!
Segunda edição de C. Dudley e Min Lee (University
of Hawaii Press, Honolulu, 1998).
Um relato de testemunhas de tsunamis, incluindo
uma seção sobre o mega tsunami de 1958 em Lituya
Bay, Alaska.
The Drowning Wave A onda do afogamento New
Scientist, 7th October 2000, p26
Revista produzida por Horizon researcher Tristan
Marshall.
Uma velha notícia nova
09/08/2004 - 19h43 Milhões de pessoas podem morrer na
América com colapso de vulcão
LONDRES (Reuters)
- Dezenas de milhões de pessoas na costa leste do Canadá
e dos Estados Unidos poderão morrer se o lento
desprendimento de parte de um vulcão no norte da África
acontecer subitamente.
O cientista Bill
McGuire afirmou na segunda-feira durante uma conferência
na Inglaterra sobre desastres naturais, que em algum
momento, dentro de alguns milhares de anos, a encosta
ocidental do vulcão Cumbre Vieja, na ilha canária de La
Palma, vai se desprender e cair no oceano. O episódio
criará ondas de até 100 metros de altura no Atlântico.
Um pedaço do
vulcão do tamanho de uma pequena ilha começou a cair em
direção ao mar em 1949. Não há praticamente nenhuma
monitoração do vulcão, o que não dá qualquer chance de
se fazer um alarme adiantado sobre uma erupção que possa
disparar a catástrofe.
"O governo dos
Estados Unidos precisa estar ciente da ameaça. Eu tenho
certeza de que eles não estão tratando o assunto com
seriedade", afirmou McGuire, que trabalha no Centro de
Pesquisa Benfield Grieg Hazard, a jornalistas. "Eles
deveriam estar preocupados, assim como os governos do
Caribe."
Ele afirmou que a
onda gigante, ou tsunami, disparada pelo colapso do
vulcão, pode atingir outras ilhas do arquipélago das
Canárias dentro de uma hora e alcançar o norte da África
em duas.
Entre sete a 10
horas depois, ondas de dezenas de metros e viajando a
centenas de quilômetros por hora atingirão o Caribe e as
costas da América do Sul e do Norte.
McGuire pediu aos
governos da Espanha e dos Estados Unidos para
financiarem o monitoramento do vulcanismo em La Palma,
um projeto que seria relativamente barato.
Ele disse que a
queda lenta da encosta do vulcão, iniciada por uma
erupção em 1949, certamente seria catastrófica se for
acelerada por outra erupção, que ocorre entre a cada 25
e 200 anos.
A última erupção
aconteceu em 1971, a anterior em 1949 e a antes desta em
1712.
"O presidente dos
Estados Unidos do futuro deverá decidir o que fazer
quando La Palma entrar em colapso", afirmou o cientista.
BOA NOTÍCIA
Apesar do cenário
sinistro que pode acontecer com a queda do Cumbre Vieja,
o cientista Benny Peiser, da universidade John Moores,
na Inglaterra, afirmou na mesma conferência que a ameaça
de um impacto causado por um grande asteróide na Terra
está diminuindo rapidamente, à medida que mais dinheiro
está sendo aplicado para localizá-los.
Dentro de 10 a 30
anos, todos os asteróides próximos da Terra estarão
catalogados. Cientistas acreditam que podem encontrar
uma maneira de desviar um asteróide do caminho do
planeta, desde que recebam a tempo um aviso de um
provável impacto.