Satélites da missão Swarm confirmam
enfraquecimento do campo magnético
22/06/2014
Mudança no campo desde janeiro. As áreas em vermelho
são um reforço; azuis são um enfraquecimento
Os primeiros resultados da missão Swarm, o grupo de três satélites
lançados em novembro pela Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em
inglês), confirmam a tendência geral sobre o enfraquecimento do campo
magnético terrestre.
Segundo asseguraram nesta quinta-feira os responsáveis do projeto em uma
conferência organizada pela ESA em Copenhague, o enfraquecimento é maior
no hemisfério ocidental, embora em outras áreas como o Índico sul
aconteceu o fenômeno contrário.
As medidas registradas pelo Swarm desde janeiro passado confirmam também
o deslocamento progressivo do Polo Norte magnético rumo à Sibéria.
Os especialistas reunidos em Copenhague estimaram que em um prazo de
entre 5.000 e 10.000 anos haverá uma inversão no campo magnético, um
fenômeno que aconteceu várias vezes antes na história do planeta, a
última há 780.000 anos.
Nils Olsen, um dos cientistas à frente do projeto, qualificou de
"excelentes" os dados preliminares apresentados pela missão, embora
tenha ressaltado à Agência Efe que passou "pouco tempo" para tirar
conclusões mais amplas sobre as medições da operação, que durará quatro
anos, e suas aplicações.
As alterações detectadas nos primeiros resultados do Swarm são baseados
em sinais magnéticos do núcleo terrestre.
Para as próximas observações também serão incluídos outras fontes de
medição como manto, crosta, oceanos, ionosfera e magnetosfera, o que
permitirá um maior conhecimento de diversos processos naturais.
A missão Swarm decolou da base de Plesetsk (Rússia) em novembro do ano
passado para estudar os processos no interior da Terra, compreender
melhor seu campo magnético e por que está se debilitando esta "cúpula"
que protege o planeta da radiação cósmica e das partículas carregadas
que chegam através do vento solar.
A missão, que usa tecnologia europeia e canadense, tem também como
objetivo aplicações práticas, como melhorar a precisão dos sistemas de
navegação por satélite e o prognóstico de terremotos ou tornar mais
eficaz a extração de recursos naturais.
Os dados científicos - abertos a toda a comunidade de pesquisa - serão
descarregados através da estação de acompanhamento de Kiruna (Suécia) e
processados, distribuídos e arquivados no Centro para a Observação da
Terra da ESA em Frascati (Itália).
TERRA
E quando os pólos magnéticos da Terra se
inverterem?(do
site)
O fim do mundo pode acontecer de diversas maneiras, depende de para
quem você pergunta. Por exemplo, alguns acreditam que o cataclismo
global vai acontecer quando os pólos magnéticos da Terra se inverterem.
Quando o norte virar o sul, os continentes vão se mover, gerando
terremotos massivos, mudanças climáticas e a extinção das espécies.
O histórico geológico mostra que os pólos já se reverteram centenas
de vezes na história; isso acontece quando grupos de átomos de ferro no
núcleo externo líquido da Terra se alinham de maneira oposta, como ímãs
orientados para a direção oposta daqueles que estão ao redor.
Quando os inversos chegam a ponto de dominar o núcleo, os pólos da
Terra se invertem. A última vez que isso aconteceu já faz cerca de 780
mil anos, na Idade da Pedra, e realmente há evidência de que o planeta
esteja nos estágios iniciais de mais uma reversão.
Mas nós deveríamos mesmo se preocupar com esse evento? Os continentes
vão se partir ou estamos preocupados por nada?
“A mudança mais dramática que pode ocorrer, com a reversão dos pólos,
é uma grande diminuição na intensidade do campo magnético”, afirma
Jean-Pierre Valet, que conduz pesquisas em mudanças geomagnéticas no
Instituto de Física Terrestre de Paris.
O campo magnético da Terra leva entre mil e 10 mil anos para se
reverter, e durante esse processo, ele diminui muito até se realinhar.
“Não é uma mudança súbita, mas um processo lento, durante o qual a força
do campo fica fraca, ele pode mostrar mais de dois pólos durante um
tempo, para então ficar forte e se alinhar na posição contrária”,
comenta a cientista Monika Korte.
Os cientistas dizem que é o enfraquecimento a pior fase para os
terrestres. De acordo com John Tarduno, professor de geofísica na
Universidade de Rochester, um campo magnético forte ajuda a proteger a
Terra da radiação solar. “Ejeções de massa coronal algumas vezes atingem
a Terra”, afirma. “Algumas das partículas associadas às EMC podem ser
bloqueadas pelo campo. Com um fraco, o escudo é menos eficiente”.
As partículas carregadas que bombardeariam a Terra, durante as
tempestades solares, iriam cavar buracos na atmosfera, e isso poderia
machucar os humanos. “Buracos na cama de ozônio poderiam se formar com a
interação de reações químicas. Eles não seriam permanentes, mas poderiam
existir durante um até dez anos – o que é significante em termos de
câncer de pele”, afirma Tarduno.
Valet concorda que um campo magnético mais fraco poderia levar a
formação de buracos na camada de ozônio. Ele escreveu um artigo no ano
passado comentando a ligação entre o fim dos Neandertais, nossos primos
ancestrais, e a diminuição na intensidade do campo magnético, que
ocorreu no mesmo período. (Nesse momento, o enfraquecimento não chegou a
provocar uma mudança de pólos).
Outros cientistas não estão convencidos de que exista uma conexão
entre a reversão dos pólos e a extinção de espécies. “Mesmo que o campo
fique muito fraco, na superfície da Terra nós estamos protegidos da
radiação pela atmosfera. Assim como não conseguimos perceber a presença
geomagnética agora, provavelmente não sentiríamos nenhuma mudança
significativa com uma reversão”, afirma Korte.
Nossa tecnologia, entretanto, com certeza estaria em perigo. Mesmo
hoje, tempestades solares podem danificar satélites, causar apagões e
interrupção das comunicações de rádio. “Esse tipo de influência negativa
com certeza iria aumentar se o nosso campo ficasse mais fraco, e seria
importante encontrar estratégias de segurança”.
Outra preocupação adicional é que a diminuição e reversão do campo
desorientariam todas as espécies que utilizam o geomagnetismo para se
orientar, incluindo abelhas, salmões, tartarugas, baleias, bactérias e
pombos. Não há consenso entre os cientistas sobre como essas criaturas
se orientariam.
Mudanças continentais?
Os cientistas afirmam que muitos dos desastres no imaginário popular
são pura fantasia. Definitivamente não aconteceria nenhuma quebra ou
mudança nos continentes.
A primeira prova é o histórico geológico. Quando a última mudança dos
pólos aconteceu, “nenhuma mudança na ordem dos continentes ou desastre
ocorreu, e os fósseis estão aí para provar isso”, comenta o geólogo Alan
Thompson.
Os cientistas explicam que as mudanças no núcleo líquido da Terra
acontecem em uma instância completamente diferente das convecções no
manto terrestre (que geram os movimentos nas placas tectônicas e nos
continentes). O núcleo líquido realmente encosta-se no fundo do manto,
mas levaria dezenas de milhões de anos para as mudanças internas
influenciarem o movimento das placas.
Mais cedo ou mais tarde
O campo magnético está no momento se enfraquecendo, provavelmente
devido a um crescimento na reversão do núcleo líquido embaixo do Brasil
e do Atlântico Sul. De acordo com Tarduno, a força do campo magnético
terrestre “vem diminuindo por pelo menos 160 anos a um nível muito
rápido, o que leva alguns cientistas a especular que estamos caminhando
para uma inversão”.
Isso talvez possa acontecer, ou não. A Terra é um sistema muito
complexo para os cientistas adivinharem o que esperar. De qualquer modo,
o processo vai levar alguns milhares de anos, o que nos dá tempo para
nos ajustarmos às mudanças. [LiveScience]
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