Índios prometem antecipar protestos contra Belo Monte
Líder indígena está reunido desde a segunda-feira com cerca de 30 lideranças na aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, nordeste de Mato Grosso, quase na divisa com o Pará
20/04/2010 Por Agência Estado
Embora a
usina esteja prevista para ser
construída no Pará, o cacique Megaron
disse que não se pode esquecer que o Rio
Xingu nasce em Mato Grosso. Ele acredita
que o rio será "atingido em toda sua
constituição e todos que dependem dele
serão prejudicados". O rio corta o Pará
e deságua no Rio Amazonas. Tem 1,8 mil
quilômetros de extensão. "Todos os povos
indígenas serão prejudicados. Nossa
pesca, nossas matas, vai ser muito feio
mexer com o rio. Não podemos ficar
esperando que governo se preocupe com os
índios, por isso não vamos desistir da
luta" afirmou Megaron.
O descontentamento dos kaiapós com a
construção de hidrelétrica no Rio Xingu
é antiga. Há 20 anos, reuniões entre
kaiapós e representantes do governo
terminaram em cenas violentas. Os
caciques Raoni e Megaron, líderes dos
Caiapós no Estado, prometeram engrossar
os protestos em Altamira (PA) com no
mínimo 100 índios considerados
"guerreiros". "Mas isso não vai
enfraquecer nossas manifestações aqui na
Aldeia Piaraçu", observou Megaron.
O cacique Raoni Metuktire disse que a
represa pode atingir seu povo. "Estou
muito preocupado com o futuro de meus
netos, meus bisnetos, por isso luto para
manter a terra e o Rio Xingu como são
agora".
Hoje, representantes de entidades de
movimentos sociais de Mato Grosso que
participavam de um ato organizado pelo
Conselho Indigenista Missionário (Cimi)
no centro da cidade vaiaram quando
souberam do resultado do leilão. "É uma
falta de respeito com os povos indígenas
que irão ser afetados e além disso é o
dinheiro público que está sendo usado de
maneira irresponsável", disse o
representante do Fórum Permanente de
Luta contra a Violência em Mato Grosso,
Inácio José Werner.