Adi Shakti
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Este cântico, também conhecido como “Maha Shakti”, celebra o Poder
Primordial cósmico que se manifesta como o Feminino. Invoca o Poder
da Mãe Divina e reduz as inseguranças pessoais. Sempre que essa
meditação é praticada de forma sincera, a yogini perceberá que a
segurança e abundância de que necessita chegarão rapidamente a seu
Eu interno e à experiência de vida externa pelo Poder Feminino. A
repetição deste mantra aumenta o poder de agir, proporciona poder e
segurança. Pratica-se a meditação sobre o cântico Adi Shakti de
várias maneiras, aqui descrevemos uma delas.
Postura (Asana):
Adote a postura assentada, de pernas cruzadas (preferivelmente em
Sukhasana ou postura fácil), com a coluna reta.
Olhos: Mantenha os olhos
abertos e focalizados na ponta do nariz. Isso ajuda a controlar a
mente.
Mãos: Coloque as duas mãos
diante do seu peito, com as palmas voltadas para baixo, apoiando a
mão direita sobre a esquerda. As mãos devem ficar a cerca de 10 cm
do peito.
Mantra: Inicialmente, repita
3 vezes o mantra “Om namo guru dev namo”, de saudação ao Guru
divino. Depois, repita o cântico, cuja letra é esta:
Adi Shakti, Adi Shakti, Adi
Shakti, namo, namo.
Sarab Shakti, Sarab
Shakti, Sarab Shakti, namo, namo.
Prithum Bhagvati,
Prithum Bhagvati, Prithum Bhagvati, namo namo.
Kundalini Mata
Shakti, Mata Shakti, namo, namo.
Significado:
Poder Primordial, eu te
saúdo!
Poder Onipresente,
eu te saúdo!
Instrumento de
criação do Divino, eu te saúdo!
Kundalini, Mãe de
todos os Poderes, eu te saúdo!
Duração:
Inicialmente, pratique durante 5 minutos, depois aumente até chegar
a 31minutos Depois do cântico, descanse na posição deitada
(Shavasana, postura do cadáver) durante alguns minutos. Termine a
meditação repetindo “Sat nam” três vezes.
A Grande Deusa (Maha
Devi)
No pensamento
indiano existem muitos seres divinos (Devas), masculinos e
femininos; e um Ser Absoluto (neutro), que é Brahman. Todas as
divindades, como Brahma, Vishnu e Shiva, são manifestações de
Brahman, não são independentes dele. Brahman está além da
compreensão conceitual e racional, mas é descrito como tendo a
essência da existência (Sat), da consciência (Cit)
e da completude ou não-dualidade, que se manifesta como uma
felicidade plena (Ananda).
De acordo com a
tradição indiana, todo o universo e todos os seres são também
uma manifestação de Brahman. Existem períodos em que o universo
é criado, se mantém durante um certo tempo, depois é destruído –
e todos os Devas também desaparecem. Quando isso ocorre, resta
apenas Brahman, indiferenciado, e nada acontece. É como se tudo
estivesse adormecido – é a noite cósmica, ou noite de Brahman.
Depois, Brahman se manifesta, o universo começa a surgir
novamente, iniciando-se um novo ciclo cósmico. Brahma (um Deva
masculino) é quem atua criando o universo, depois Vishnu é quem
o mantém ou sustenta, e Shiva o destruirá.
Segundo uma das
tradições indianas (no Tantra), existe uma Deusa (Devi) que está
acima de todos os Deuses. Ela é chamada de Maha Devi (a Grande
Deusa), ou Shakti (a Poderosa). Sua característica principal,
como o seu próprio nome diz, é o Poder. Ela é ativa, dinâmica, é
considerada como a energia que move todo o universo (inclusive
os Devas). Em comparação com ela, os Devas são inertes,
inativos, passivos. Nessa visão, temos um conceito exatamente
oposto ao que se desenvolveu no ocidente (e em outros lugares,
como a China), segundo o qual a energia ou atividade seria uma
característica masculina e a receptividade ou passividade seria
uma característica feminina.
Podemos encontrar
alguns aspectos dessa concepção básica indiana na filosofia
Sankhya, por exemplo. De acordo com o Sankhya, existem dois
princípios cósmicos fundamentais. Um deles é a consciência (Purusha),
que é um princípio masculino; o outro é o poder da natureza (Prakriti),
que é um princípio feminino. Purusha é passivo, Prakriti é
ativa. Todo o desenvolvimento do universo ocorre apenas por
causa dos poderes da Natureza. Esses poderes (gunas) são três:
tamas, rajas e sattva. Tamas é o poder da
inércia, da tristeza, das trevas, da morte; rajas é o poder da
vitalidade, do ego, da força, do prazer e da violência; sattva é
o poder da luz, da felicidade e da sabedoria. Os três Devas
principais do hinduísmo (Shiva, Brahma e Vishnu) estão
associados respectivamente a esses três poderes (tamas,
rajas, sattva). Esses Devas são seres que só podem
atuar no universo porque a Grande Deusa lhe empresta uma parte
de seu Poder. Nenhum deles tem todo o poder da Shakti.
A mitologia indiana
tem também muitas histórias que mostram que os Devas não são tão
poderosos quanto a Shakti. Em alguns mitos, um demônio (Asura)
muito poderoso vence todos os Devas (masculinos) e eles vão
então pedir ajuda à Grande Deusa, que assume uma de suas formas
mais terríveis (como Durga ou Kali) e destrói todos os
demônios.
A Shakti, ou Maha
Devi, é o poder feminino absoluto. Há, no entanto, muitas deusas
(Devis) diferentes. Cada um dos Devas, por exemplo, tem sua
companheira (sua Shakti), sem a qual ele é incompleto. A Shakti
de Brahma é Sarasvati, a de Vishnu é Lakshmi, a de Shiva é
Parvati. Essas Devis são manifestações ou aspectos parciais,
limitados, da Grande Deusa. No entanto, muitas vezes se
identifica Parvati com a própria Shakti.
Embora Shiva seja um
Deva muito poderoso, ele não é nada, comparado com a Shakti. Ela
é ativa, ela tem todos os poderes, ele não tem nenhum poder sem
ela. Por isso, muitas vezes ele é representado como um cadáver
acima do qual Shakti dança, ou com o qual ela tem relações
sexuais.
Enquanto Shiva e
Shakti estão separados, o universo é dinâmico, ele se
transforma, está ativo. Quando Shiva e Shakti se unem e se
fundem em uma unidade, toda multiplicidade desaparece, o tempo
pára.
Shakti, o poder
feminino, está presente, de acordo com o Tantra, em todas as
coisas e todos os seres do universo – mas de forma muito mais
forte e significativa nas mulheres. Da mesma forma, Shiva, seu
complemento masculino, está presente também em todos os seres,
mas especialmente nos homens.
Manifestações da Shakti
Vamos
apresentar a seguir algumas das principais Devis, ou
manifestações da Grande Deusa:
Sarasvati é a Deusa
associada ao conhecimento, à música e às artes. Ela é a
companheira de Brahma, o Deva responsável pela criação do
universo. Juntamente com Lakshmi e Parvati, formam a trindade de
Deusas (Tridevi). É geralmente representada com roupas brancas
(às vezes amarelas), sendo associada a um cisne ou a um pavão. É
identificada, muitas vezes, com deusas que aparecem nos textos
indianos mais antigos (Vedas): Vak (a Palavra), Savitri ou
Gayatri (nome da oração mais sagrada dos Vedas). É a Deusa
asssciada à sabedoria sagrada, e por isso se diz que os Vedas
são seus filhos. Seu nome quer dizer, literalmente, "aquela que
flui", e estava associada a um rio, na mitologia antiga. Muitas
imagens de Sarasvati a representam com quatro braços, em um dos
quais segura um livro (os Vedas), em outra um rosário indiano
(mala) com contas de cristal, representando meditação e
espiritualidade, em outro um pote com água sagrada,
representando purificação, e por fim um instrumento musical de
cordas (Vina) que representa a perfeição nas artes.
O nome Gayatri
representa um tipo especial de métrica utilizada nos Vedas.
Muitos hinos dos Vedas utilizam essa métrica, mas há um hino em
especial que é chamado Gayatri Mantra. A deusa Gayatri é uma
forma de Sarasvati, associada aos Vedas, uma representação
feminina de Brahma. Ela costuma ser representada sentada sobre
um lótus vermelho, com cinco cabeças.
Lakshmi é uma deusa
associada à riqueza, à prosperidade e à generosidade, protegendo
seus devotos de problemas financeiros. Também está associada à
beleza e encanto. É também chamada de Shri. Ela é a companheira
de Vishnu, e tem diferentes nomes quando se casa com as
diferentes encarnações (avataras) de Vishnu. Assim, ela é Sita,
companheira de Rama, e Rukmini, esposa de Krishna. Com o nome de
Mahalakshmi, ela é identificada à Shakti, ou Grande Deusa. Dois
de seus aspectos são Bhudevi (a Deusa da Terra) e Shridevi (a
Deusa luminosa), que são os aspectos complementares das forças
da Natureza (Prakriti). Ela é representada em imagens que
mostram uma linda mulher, com quatro braços, sobre um lótus, com
bonitas roupas e jóias, distribuindo moedas (significando
prosperidade) e acompanhada por elefantes que indicam seu poder
real. O lótus representa perfeição espiritual e pureza.
Radha é a principal
companheira de Krishna, em muitos textos tradicionais. Ela é
considerada a Shakti de Krishna e, algumas vezes, é identificada
com a Grande Deusa. Assim como Shiva e Parvati, juntos,
constituem o Absoluto, há uma tradição que considera que Radha e
Krishna juntos constituem a Realidade Absoluta. Às vezes se
descreve Radha como tendo se tornado uma esposa de Krishna, às
vezes sua relação é descrita como um "amor eterno" (parakiya-rasa).
O amor entre Radha e Krishna tem um significado esotérico,
representando um amor divino e não mundano.
Parvati é a deusa
associada a Shiva. Ela é considerada uma representação da Shakti,
ou Grande Deusa, especialmente nos seus aspectos de Mãe divina.
As outras Devis são consideradas como suas filhas ou
manifestações. Os devotos da Shakti a consideram como a Shakti
suprema, incorporando toda a energia do universo. Embora seja
apresentada como uma divindade benigna, Parvati também tem
aspectos terríveis, como Durga, Kali, Chandi. Ela também tem dez
aspectos complementares, as Mahavidyas. Suas formas benevolentes
são Mahagauri, Shailputri e Lalita. O nome Parvati significa "a
das montanhas", pois é considerada filha do Senhor das Montanhas
(Himavan). Ela tem muitos outros nomes, como Gauri (a dourada),
Ambika (a mãe), Bhairavi (a terrível), Kali (a negra), Uma,
Lalita, etc. Na mitologia, Parvati tem dois filhos, Ganesha e
Skanda, mas na tradição Shakta ela é a mãe de todos os Devas e
Devis. O veículo (vahana) de Parvati é um leão ou tigre. A união
de Shiva com Parvati é considerada como equivalente ao Absoluto,
ou Brahman.
O nome Durga significa
"a invencível" ou "a inatingível". Ela é uma forma da Shakti
invocada para superar situações de dificuldade e sofrimento. É
uma forma guerreira de Parvati. É representada com dez braços, e
seu veículo é um tigre ou um leão. Ela é considerada um poder
auto-suficiente (svatantrya). Pode ser considerada como uma
forma de Kali, embora suas aparências sejam distintas: Kali é
negra, Durga é branca e radiante. Kali tem uma aparência
horrível e é representada com símbolos associados à morte, Durga
é linda e tem belos ornamentos de ouro, pérolas e pedras
preciosas. Durga é uma representação da Shakti, e por isso é
descrita como possuindo todos os poderes de todos os Devas. Na
mitologia, ela surge para combater um demônio invencível,
Mahishasura.
Kali, também conhecida
como Kalika, é uma Devi associada à morte e à destruição. Seu
nome significa "a Negra", mas também está associado à palavra
Tempo (Kala), podendo ser interpretada como o Poder do Tempo.
Ela é uma forma terrível, guerreira e destruidora de Parvati, e
é também a principal das Mahavidyas, as dez formas tântricas da
Grande Deusa. Está associada a cadáveres, ao sangue, aos chacais
e aos terreiros de cremação de corpos. Seus adornos são de
cabeças humanas decepadas. Na literatura tântrica, Kali tem um
papel central nos textos, nos rituais e na iconografia, sendo
considerada como uma representação da Grande Deusa (Maha Devi)
ou Shakti. Embora geralmente seja representada sob uma forma
terrível, às vezes assume uma forma jovem e bela e seus aspectos
positivos são indicados, por exemplo, na expressão Kali Ma (Mãe
Kali).
Chamunda é o nome de
uma forma terrível da Grande Deusa, sendo uma das sete Deusas
Mães e uma das principais Yoginis (um grupo de deusas do Tantra,
que acompanham Durga). O nome Chamunda é uma combinação dos
nomes dos demônios Chanda e Munda, que ela destruiu numa
batalha. Muitas vezes, Chamunda é identificada com Kali. Ela é
cultuada com sacrifícios de animais e oferecimento de vinho. Ela
é representada com uma cor negra ou vermelha, com uma guirlanda
de cabeças decepadas (como Kali).
Lalita, "Aquela que
Brinca", é o nome de uma forma benigna de Parvati. Ela é também
chamada de Tripura Sundari, Shodashi e Rajarajeshvari. Pertence
ao grupo das dez Mahavidyas. O nome Shodashi significa uma jovem
com dezesseis anos, e representa dezesseis tipos de desejos.
Lalita, ou Tripura Sundari, está associada ao Shri Yantra e ao
Shri Mantra. O nome Tripura significa "Os Três Mundos" (Terra,
Atmosfera, Céu) e Sundari significa "A Mais Atraente", ou "A
Mais Bela". Assim, Tripura Sundari é a Deusa mais bela dos três
mundos. Na iconografia, é sempre representada como uma linda
jovem, geralmente com roupas vermelhas. O hino Lalita
Sahasranama (os mil nomes de Lalita) descreve todos os seus
atributos.
O nome Mahavidya vem
das palavras Maha (grande) e Vidya (sabedoria, revelação,
conhecimento). É um grupo de dez deusas conhecidas como Deusas
da Sabedoria por revelarem aspectos auspiciosos do conhecimento
da Grande Deusa. Elas são: Kali, Tara, Tripura Sundari (ou
Lalita), Bhuvaneshvari, Bhairavi, Chhinnamasta, Dhumavati,
Bagalamukhi, Matangi, Kamalatmika. Cada um dos nomes da Deusa
possui uma vibração especial. Eles são Mantras, e entonação
correta, sob a orientação de um Guru, confere realização
espiritual. A forma feminina confere bênçãos ao devoto,
liberando-o do mundo material e da roda de reencarnações.
Texto escrito
por Roberto de A. Martins, para o site Shri Yoga Devi.
Visite o site :
http://www.yogadevi.org/shakti.html
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